Sobre bichos e carnes

Por : | 0 Comentários | em : 21/11/2013 | Categoria: : Crônicas

Bonjour, gourmands!

No meu último texto eu contei para vocês que eu era uma “chata pra comer”, mas diferente do que muitos possam ter pensado, meu problema nunca foi com frutas, legumes e verduras (que eu amo!), como a maioria dos chatos pra comer, mas com as carnes.

Não sou vegetariana – já até tentei ser e não consegui – mas sempre fui extremamente fresca com carnes. Embutidos, carnes com gordura, nervos, ou de textura gelatinosa, como a de alguns frutos do mar me causam pavor, mas existe ainda uma característica especial que me faz recusar por completo algumas carnes: a evidência de que aquilo já foi um animal vivo!

Ok, pode ser hipocrisia, frescura, ou que for, querer comprar bifes no mercado como se eles tivessem sido feitos na fábrica e não saídos de um boi ou vaca, mas tento simplesmente não pensar nisso. O problema é quando vou a um churrasco e alguém coloca na minha frente um espeto com 50 corações de galinha cheios de veias, ou quando peço feijoada – uma das minhas comidas favoritas – e ela vem completa (com orelhas, pés e focinho do porco, ao invés de apenas com paio e linguiça).

E o que dizer então, do fato de eu ser de uma família portuguesa? Os portugueses têm o hábito de comer os miúdos dos bichos, que traduzido para brasileiro quer dizer que eles comem todas as partes dos animais sem exceções (e você aí achando que o povo comendo testículos de bode no “No Limite” era super selvagem, né?). Isso pra mim não é fácil!

Mas difícil, difícil mesmo, foram as experiências que tive, tanto em Portugal, quanto em uma viagem que fiz pelo Peru e Bolívia, em que as pessoas matavam os animais que comiam. Nada mais justo, se é pra matar que seja matar para alimentar, mas como é possível comer um bichinho que você viu vivo hoje de manhã? Tão fofinho, tão simpático…

Minha falecida tia Maria, que Deus a guarde bem, tinha uma ótima solução: ela matava e guardava alguns dias no congelador, pra não associar mais a carne ao bichinho pelo qual ela já tinha certa estima. Na hora de cozinhar era quase como se aquela carne tivesse sido produzida em uma fábrica.

Manuela do Vale

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